O que é que fica de nós?
blogue de retalhos, memórias e pensamentos, à procura de consolo e de sentido
quarta-feira, 26 de março de 2025
quinta-feira, 13 de junho de 2024
Familia
A minha mãe teve um irmão mais velho que morreu à nascença - penso que a parteira o terá baptizado Manuel antes que ele morresse, e uma irmã que morreu talvez com dois anos de meningite tuberculosa, a Luísinha que tinha olhos azuis. Os dois morreram antes que ela nascesse. Os três filhos da minha avó Mnauela foram assim durante as suas vidas, cada um, filho único.
A minha mãe tinha um primo de quem era muito próxima, tinham o mesmo nome, Eugénia e Eugénio e só a diferença de um ano, os dois nasceram em Outubro, ela a 27 de Outubro, ele a 12 de Outubro do ano seguinte.
O meu pai teve um irmão mais velho que morreu com talvez dois anos de sarampo, quando o meu pai era bebe. Terá tido depois um irmão que morreu também pequenino e quando tinha catorze anos, nasceu o seu irmão mais novo, Zé, meu padrinho (mas convivemos pouco).
Lembro-me dele vir visitar-nos no Verão quando morávamos em Paços de Ferreira e ele e o meu pai irem comprar uma prenda para a mnha irmã mais nova que fazia anos. Na altura ele era ainda solteiro e como o recordo muito jovem, mas já teria trinta e tal anos (o meu pai tinha quarenta e cinco anos quando eu nasci, portanto quando eu nasci ele teria trinta e um).
Lembro-me de nos encontrarmos todos em Argoselo em casa dos meus avós, mas haver discussões. Lembro-me de ida a praia quando nós moravamos em Gondomar e ele trouxe a sua esposa, casados há pouco. Ela conduziu o carro dele, para ele vir a conversar com o nosso pai no outro carro, mas em Matosinhos tivemos um acidente de viação - nós vinhamos no carro com ela. Foi só lata e não sei de quem foi a culpa, mas ele teve uma explosão e zangou-se com ela.
Lembro-me de o irmos visitar ao Hospital quando estava doente, sobreviveu a cirurgia a cancro no estomago, mas morreu algum tempo depois quando já estava em Bragança.
Segunda-feira, 10.6.24 - Feriado
O plano era almoçarmos em Leça, mas não reservámos mesa no restaurante escolhido e não havia mesa. Em redor pareciam todos cheios e acabámos por ir antes a Centro Comercial (com direito a passagem pela Fnac). Mas antes deu para dar uma voltinha por lá, respirar o ar com iodo e tirar fotografias. Ao almoço N disse que eu continuava igual a como quando nos conhecemos há quase dezassete anos. Sei que não é verdade, mas ao ver esta fotografia até pensei que quase poderia ser. Tenho tantas saudades dos meus pais, mas há dias num jantar com as minhas irmãs e os Paulos, e o Spassky, pensei que se não morrer antes poderei vir a ter saudades do que tenho agora.
sexta-feira, 29 de dezembro de 2023
Eu
Sou uma de três irmãs, a do meio.
Algumas vezes escutei a minha mãe comentar sobre como apesar de termos crescido com a mesma educação e condições, eramos tão diferentes.
Posso olhar para nós e ver as diferenças ou as semelhanças - como com a minha mãe, as nossas vozes.
quarta-feira, 1 de junho de 2022
Da mesma forma que algumas vezes cozinhar me fez sentir uma ligação à minha mãe e à minha avó, duas ou três vezes a regressar de cidade de trabalho, em tardes de sol, senti essa ligação e a presença do meu pai. Vinha pela A32, com pouco trânsito, rodeada por árvores e terra laranja. Quando era criança e no início da adolescência algumas vezes fui com o meu pai às chamadas. O meu pai, médico veterinário, ia tratar ou vacinar vacas, porcos ou cães. Terei ido com ele em tardes parecidas, em estradas e caminhos com terra laranja e ladeados por árvores.
sexta-feira, 13 de maio de 2022
Após a licenciatura e o inicio do estágio, passei um ano em Lisboa em formação. Fui primeiro com colegas, depois com os meus pais e por fim com a minha mãe, procurar um lugar onde ficar.
Com os meus pais fomos visitar um seu tio - casado com uma tia (Tia Maria?) irmã do avô. Ele arranjou o contacto de uma Residência, mas era muito exclusiva. Gostei de conhecer o tio. Ele tinha ido para Padre, mas optou pela vida secular e casou com a irmã do avô que era mais velha do que ele e com menos energia para sair connosco. Como o meu pai contara também me pareceu ser uma boa pessoa.
Com a minha mãe encontrámos primeiro uma senhora que alugava quartos na casa bastante vazia em que ficara, por lá residir com a inquilina inicial. Ela era empregada na casa, mas após a morte da senhora conseguiu ficar com o arrendamento. Também oferecia lavagem de roupa. Estava com um problema e ia ser operada. As pestanas cresciam-lhe para dentro e irritavam-lhe os olhos.
Depois conhecemos a D. Ema e foi lá que fiquei. Ela morava num apartamento na Estrada de Benfica, terceiro ou quarto andar, sem elevador. Passava por lá o Autocarro 48 acho, que vinha da Estação de Santa Apolónia. A estação de Metro era Sete Rios (no Inverno quando chovia formavam-se por lá "rios".À noite ouvia sons de animis diferentes do Jardim Zoológico. Se me cruzasse com alguém do prédio deveria dizer que era uma prima. Nunca ninguém me perguntou. A D. Ema gostava de trazer pacotinhos de açúcar dos Cafés quando lá ia lanchar. Às vezes faço o mesmo e penso nela.
terça-feira, 19 de abril de 2022
Iamos a Argozelo no Verão, talvez também na Páscoa. No Verão havia muito calor e o cheiro a estevas.
Lembro-me de uma ida que seria pela Páscoa - na fotografia na varanda estou com o meu kispo branco, teria talvez quinze anos. A nossa irmã mais nova tentou cativar um gato ou gata que andava por lá, mas acho que não conseguiu.
Sou a segunda filha de três. Há anos fiz as contas e fiquei com a ideia que a minha irmã mais velha tinha dois anos, nove meses e vinte e um dia quando eu nasci e eu tinha dois anos, quatro meses e vinte e um dias quando nasceu a nossa irmã mais nova.
Nasci e fui baptizada em Lisboa.
Nos primeiros seis anos de vida vivi em Paços-de-Ferreira, nos seis anos seguintes, em Gondomar, e depois no Porto.
No Verão havia duas viagens habituais, a Lisboa, onde vivia a mãe da nossa mãe e a Argozelo onde viviam os pais do meu pai.
O meu avô materno morreu quando eu tinha seis meses. A avó materna passava mais tempo connosco e a certa altura passou mesmo a morar em Gondomar. Contava-nos histórias, fazia-nos cafuné para dormirmos a sesta, dáva-nos a sopa e xi-corações.
Num Natal em que veio com prendas deu-me a minha boneca especial, a Joaninha que passei a levar para todo o lado.